Lágrimas na Xícara!
I
Um corvo
idoso e despido, náufrago e insinuante,
pratica sexo na minha cabeça;
roça-se em meus bêbados cabelos
e os desalinha e os abusa,
não venera o Centauros saliente
que toma conta do meu corpo
- pedante e coagulado.
II
Desvarios de mim? Virtudes do sal?
Hiperimpressionismo do pensamento?
- Talvez.
Minha expiação soçobra e retesa,
bebe lágrima na xícara...
Asfixia-se!
Sabe que a turgescência de corvo fraqueja, delira;
é testemunha de que a magnitude do olhar
não aparta a gravidez.
III
Exceto o medo e o cais
e o velório (e a flor que agoniza), inquirirás:
- Pateta a quem ajoelharás?
Direi:
- Olhos de folha minha!
- Fulgor da prata que goza!
- Verde dos limos parauaras!
- Ternura inconfessável dos excluídos!
- Pérola e begônia que a vida confunde!
IV
Além-versos
(e copiosamente os contemplo parcos e gozosos...)
o vento aguarda a cicuta,
esvoaçadas palavras mastigam o vazio de nada.
Sob o ombro (entreabertas) as pedras glorifixam-se;
despassionalizam-se dos lânguidos bíceps
Assim como o sábio sacrifício
têm se despassionalizado das cópulas e anfiteatros;
assim como o amor se fundido no olhar
para que morram os inaudíveis
insossos da terra.
V
Argh!... Quanto tempo faz
que não sobejam os gritos de revolta
e nem gritam os inertes corpos
dos cemitérios daqui?
VI
Afora o silêncio
o que vem à cabeça?
- Não duvide que o esperma se enquadre no equinócio das letras...
- Não duvide que o barro se esconda
na felação da algema...
- Não duvide que a orquídea se abrigue
atrás do mormaço...
- Não duvide que o cinza seja poesia sem fusão...
- Não duvide que a vida se esconda
no sexo sem lágrima...
© Benny Franklin
Fotografia:
Darlan Kafellz/Flick/Creative Commons
Benny, estou impressionadíssima...ótimo
~Mais um denso e surprendentre tricô beat. Sabe que gosto disso.
Afora a cabeça o que vem?
Silêncio
gostei dessa veia meio beat,bela construção. Beijo.
imoveis a venda