Poema para mim mesmo
Fotografia By Lee Jeffreis
Congratulações a mim mesmo.
Mesmo que o sol em represália à minha gala elétrica
não economize seus sopros de morte e, egoísta,
me roube o solstício do possível;
Mesmo que o cristal capte-me um gozo impiedoso
e me desnude para o asco da idade,
eu celebro a mim mesmo.
II
Cumprimentos a mim mesmo.
Aos amigos [de sempre]
que [ainda] teimam em me ver como um verme malevolamente entrincheirado,
as gratidões da amnésia,
as nervuras dos atos da expiação,
os códigos dos sonhos vindouros.
Aos inimigos [de sempre]
que [ainda] teimam em desfraldar bandeiras brancas
somente pelo clímax de brindarem a perda,
as paixões do sacrifício,
as turgescências do orvalho épico,
os espinhos supremos da desforra.
III
Felicitações a mim mesmo.
Hoje eu comemoro
os masturbes dos olhos que me guiam à dimensão cósmica.
Hoje eu brindo
os reclames e as sofreguidões dos meus especiosos orgasmos.
Hoje eu poeto e poeto a mim mesmo,
pois sou compassivo, pó de estrela blindando o ego,
um fósforo órfico com o brilho de milhões de cometas.
Hoje eu festejo
o corvo que sou, porque ao festejar o que sou
fosse como se houvesse denunciado a aurora assoberbada
e suas fumaças desumanas; essa, cínica imoralidade;
essas, poesias sem galas.
IV
Parabéns a mim mesmo.
Ai de mim,
que sou castigado entusiástica e irrestritamente
pelos antepastos baldios.
Ai de mim,
que gostaria de ter nascido como as orquídeas selvagens.
Ai de mim,
que sou um voo sem volta;
um vestígio envenenado que prefere morrer em silêncio amortecido
do que ficar em lágrimas talhadas.
Ai de mim,
que não sou eu.
© 2012 Benny C Franklin
Olá, Benny
tão logo aceitei sua solicitação no FB, explorei um pouco aquele seu espaço virtual e vim conhecer este blog ali indicado.
confere, sim
mais que uma egotrip poética bem sucedida (o que já seria algo, não?), aqui tem, com certeza
fique à vontade para conhecer todos os meus espaços virtuais que queira e lá deixar os comentários que lhe der na veneta fazer
garantias de boas vindas
amigo é pra isso
Os que sentem o próprio umbigo
admiram-se sozinhos
olham-se no espelho e encaram-se
face a face, lado a lado, sem orgulho
e nesse momento já não são somente um,
mas todos de uma vez só:
aliterando-se ao próprio espelho de si.
Aos que sabem ver isso no outro isso,
já bastam por si só: são muitos!
Multiplicam-se!
São orquídeas que se abrem feito chakras umbilicais.
Selvagem! Selvagem!
adendo:
Esse é o meu abmigo Benny.
e esse poema-resposta cai como luva
ao seu poema.
Abraço meu amigo!