No à toa em Belém

Fotografia  by Sidclay Dias


I

Amargas faces bocas não beijam.

II

Prenhe
no além-mundo da poesia que plana
contenho a rima pura de um só
olhar
que cerceia a infertilidade da orquídea
e a branqueza estúpida dos bordéis.
À noite,
no antagonismo entre sentinela e estrela,
alfabetizo mãos inúteis da ressaca
de viver.

III

O dia? Arquiteta
o jirau metafísico
− e goza.

IV

Saídos de escoras,
putos notívagos dos bulevares sem ossos
coexistem apaixonados;
voejam pelas impotências das clausuras.

V

Enlaçados aos dogmas dos olhares
alguns puteiros com feitios de bibelôs de alpendre

e outros

como bucólicos ladrilhos
de idosas alucinações
masturbam fragmentos indóceis
e redesenham os mênstruos das poeticidades malditas;
fazem o pávulo sangue
endeusar finas genitálias de lágrimas insolúveis
na pretensão de ser

gente.

VI

Sob a frondosa sumaumeira de escápulas,
acomodo meu tesão
e aprecio o cigarro apagado,

mínguo

na relva que congemina
um astuto plano de fuga
e barbarizo insaciavelmente
a ejaculação que expectora.

VII

Pulsado
pela admirável certeza
de compreender

o céu,

bebo palavras
como um pateta
quase poeta

bebe escoras
incluso

no à toa
em

Belém.

© Benny Franklin

4 Response to "No à toa em Belém"

  1. Obrigado, amigo, por me proporcionar a leitura destes belos fragmentos.
    Paulo

    Benny
    É sempre um enorme prazer ler a sua poesia densa e explosiva.
    A metáfora dos ladrilhos em serem pessoas ficou bárbaro.
    Fragmentos da rotina de uma vida notívaga e inspiradora a quem tem os olhos abertos de um Poeta
    Forte abraço

    Benny tão querido...
    Saudade dos seus escritos... Aqui estou, como sempre, com o faro aguçado para a sua visceral poesia... Encantadora!

    Meu carinho sincero

    imoveis a venda

BENNY FRANKLIN

Poesias Verdes Fritas

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